LIVRO DE JÓ – A PACIÊNCIA DE JÓ – SERA VERDADE MESMO?
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- ANTIGO TESTAMENTO, PROVOCAÇÕES

LIVRO DE JÓ – A PACIÊNCIA DE JÓ – SERA VERDADE MESMO?

Livro de Jó e a paciência de Jó. Minha fé esta centrada em Cristo Jesus, mas para entendermos melhor Jesus é necessário conhecer a teologia dos livros do velho testamento.  Por isso vou por esse caminho hoje, e uma das histórias mais conhecidas no antigo testamento é a do servo temente a Deus  de nome Jó. Neste artigo vamos aprofundar um pouco na narrativa de Jó. Eu começo perguntando: Você tem certeza que Jó era tão paciente, submisso e obediente a ponto de gerar um termo popular conhecido por todos nós “ele tem paciência de Jó”?

Para resumir o livro em três ou quatro linhas basta dizer que ele é dividido em três partes: na primeira parte Jó é paciente e aceita as chagas que lhe são impostas, de repente ele muda e se revolta com o seu sofrimento, nos dias de hoje diríamos que ele é bipolar, esta é a segunda parte. E finalmente vem a terceira parte, ele simplesmente muda de opinião mais uma vez e volta a aceitar o sofrimento a qual é acometido.  Então Deus decide por poupá-lo das tristezas e restitui tudo em dobro, do que lhe tinha sido tirado “E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou, em dobro, a tudo quanto Jó antes possuía.”Jó 42:10. O dobro dos bois, dobro dos camelos, das ovelhas…

Jó aceita seu sofrimento, calado e ordeiro (Primeira parte)

 

Vejo alguns teólogos explicando essa revolta com o seu sofrimento (segunda parte), como uma crise existencial,  um desabafo com Deus, enfim…  Para ser mais claro Jó entra em uma discussão feroz na narrativa, quando seus amigos, que vieram visitá-lo e dar-lhe apoio, começam a defender o sofrimento que ele está passando como necessário para se aproximar do Criador, que ele tem que aceitar e confiar nos desígnios de Deus. Ele não concorda com isso e então começa a revidar as palavras dos amigos.  O texto chega num ponto que Jó se exalta com Deus, critica e não aceita o martírio que está sobre ele “Porque as flechas do Todo Poderoso estão em mim, cujo ardente veneno suga o meu espírito; os terrores de Deus se armam contra mim.” Jó 6:4. Então você vai dizer que houve outros casos de homens de Deus que em determinado momento se distanciaram dos caminhos do Senhor e depois se reconciliaram, que isso é a base do Cristianismo – o perdão.  Sim você está certo, mas não é o caso em Jó, pois a crise não era entre Jó e Deus e sim entre o povo e os sacerdotes.  Jó não critica a Deus, Jó critica o deus do sacerdote (a teologia do sacerdote).

Jó se exalta com deus, o deus que o sacerdote apresenta (Segunda parte)

Para entender essa crise é preciso entender como era a teologia hebraica nos tempos de Jó: opressora e materialista, onde os sacerdotes ensinavam que o sofrimento era vontade de Deus e uma forma de se aproximar Dele “Bem aventurado é o homem a quem Deus castiga” Jó 5:17.  Podemos ver isso no livro de Jeremias que era um sacerdote, criticando essa teologia opressora ”Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; mas Eu cuidarei em vos castigar a maldade das vossas ações, diz o Senhor.”  Jeremias 23:2. Assim temos que observar que o livro de Jó não é só a historia de um servo do Senhor, é também a narrativa de um povo explorado lutando contra um sacerdotalismo cruel e narcisista. Sacerdotalismo este que persistiu até os tempos de Jesus, pois Cristo também critica esta opressão sacerdotal “pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens;  eles porem nem com o dedo querem movê-los” Mateus 23:4 . O capitulo inteiro Jesus fala dessa opressão, também citada em Marcos 12 : 38-40 e Lucas 11:38-46  20:46,47, mas se você é cristão e nunca ouviu um pastor ou padre citar estes textos, consegue imaginar o porque?

Olhando por este prisma (povo versus sacerdote) veremos que Jó não é um livro, são dois livros em um só: Um livro sacerdotal – capítulos 1, 2 (primeira parte) e 42 (terceira parte) – onde Jó é obediente e submisso e ou outro livro do povo – capítulos 3 à 41 (segunda parte) – onde Jó critica essa teologia da opressão e não aceita o sofrimento como Divino. Leia o livro com atenção verá que do capitulo 2 para o 3 Jó muda de opinião de uma hora pra outra. Ele deixa de aceitar o sofrimento e começa questionar a “provação”. Neste livro quando Jó discute com os amigos e briga com deus, não é Jó literalmente brigando com Deus, é o povo lutando contra o sofrimento imposto pelos sacerdotes. Se você esta tentando imaginar como um sacerdote naquele tempo, que era um “homem de Deus” conseguia gerar sofrimento a um povo inteiro, pode olhar com mais atenção aos dias de hoje e verá que muitas denominações cristãs em nosso país ainda usam essa teologia com um absurdo sucesso.

Os amigos apontam Jó como merecedor do sofrimento – teologia da opressão

Mais como no mesmo livro tem o Jó submisso e o Jó irado? Como disse acima, são dois livros diferentes, mas este livro tem 3 mil anos e não podemos pensar como os livros de hoje que são impressos aos milhares, distribuídos com organização, com direitos autorais e tudo mais. O que chamamos de livros eram textos, bilhetes que circulavam entre as comunidades da época. A teoria é que surgiu a história de um Jó, e o outro lado se contrapôs criando o outro Jó. A pergunta é qual surgiu primeiro?! O submisso ou o irado? Há uma corrente teológica que acredita que surgiu primeiro o Jó sacerdotal e o povo em um ato de resistência criou o Jó crítico, e por outro lado outros teólogos acreditam que o Jó crítico surgiu no povo e o sacerdote para salvar a picanha de todo dia criou o Jó obediente. Eu confesso que as vezes leio Jó e sou opção A e então leio novamente e sou opção B. Não consigo me decidir e penso que nunca saberemos o que realmente aconteceu. Fato é que em determinado momento essas duas histórias se cruzaram e algum escriba desatento juntou as duas em um único livro e surgiu o Jó que nos conhecemos. Fica claro que infelizmente o Jó do sacerdote prevaleceu, pois todos nós conhecemos o Jó paciente e ninguém conhece o Jó do povo.

Se você conseguiu olhar para o livro não da perspectiva do sagrado mas da histórica e pôde ver as diferenças na posição de Jó perante o sofrimento, você esta no caminho certo. Pois disse o Senhor Jesus “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” João 8:32.

Não vou me aprofundar nessa análise, mas caso você tenha interesse em saber mais sobre o assunto pode procurar um livro que aborda bem este tema, que se chama O grito de Jó de Luiz José Dietrich. Livro este que você encontra em sebos online por 5,00 reais em média.

A Vós, desejo a Paz, a Graça e o Amor de Nosso Senhor Jesus em todos os seus dias!

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2 comentário em “LIVRO DE JÓ – A PACIÊNCIA DE JÓ – SERA VERDADE MESMO?

  1. Existiriam 2 livros se Jó?
    Um escriba “desatento” teria juntado?
    E toda a teologia debruçada na tese de uma única obra, sim, com ensinamentos diversos a partir de um personagem conflitante como Jó, porém, resiliente e fiel ao que quer? Este artigo é mais subversivo do que explicativo. Cuidemos avidamente por aprender a palavra de Deus com temor, e não com soberba. O que se faz neste artigo, é muito mais teologizar do que entender da fraqueza humana x soberania divina.

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